Proteína C Reativa (PCR): O que é, para que serve e como interpretar seus resultados
- Adriano Leno Santos
- 17 de jun.
- 3 min de leitura
A Proteína C Reativa (PCR) é um dos marcadores laboratoriais mais solicitados na prática clínica, sendo fundamental para a avaliação de processos inflamatórios e infecciosos. Produzida pelo fígado, sua concentração no sangue aumenta rapidamente em resposta a lesões, infecções ou inflamações, tornando-se uma ferramenta valiosa para o acompanhamento clínico de pacientes em diversas situações.
O que é a PCR?
A PCR é uma proteína de fase aguda, sintetizada pelo fígado, cuja principal função é atuar na resposta imunológica do organismo diante de agressões, como infecções bacterianas, virais, doenças autoimunes, traumas e até mesmo neoplasias. Seu aumento ocorre de forma precoce, podendo anteceder sintomas clínicos como febre, o que a torna um marcador sensível para detecção de processos inflamatórios sistêmicos.
Para que serve o exame de PCR?
O exame de Proteína C Reativa é indicado para:
Avaliação de infecções agudas, principalmente bacterianas
Monitoramento da resposta ao tratamento antibiótico
Diagnóstico diferencial entre infecção viral e bacteriana (em conjunto com outros exames)
Rastreamento de processos inflamatórios sistêmicos, como doenças autoimunes e neoplasias
Acompanhamento pós-operatório e detecção de complicações infecciosas
Avaliação do risco cardiovascular em exames de PCR ultrassensível

Valores de referência e interpretação
O valor considerado ideal para a PCR é geralmente menor que 5 mg/L (ou < 0,5 mg/dL), embora alguns laboratórios adotem como referência até 10 mg/L (1 mg/dL).
É importante destacar que pequenas variações podem ocorrer conforme o perfil do paciente (idade, comorbidades, hábitos de vida).
Confira a tabela de interpretação dos valores de PCR:
Valor da PCR | Interpretação Clínica |
< 3 mg/L (0,3 mg/dL) | Normal em pessoas saudáveis |
3–10 mg/L (0,3–1 mg/dL) | Inflamação leve, obesidade, tabagismo, gestação, doenças crônicas |
10–40 mg/L (1–4 mg/dL) | Infecções virais mais intensas, doenças autoimunes, tumores |
> 40 mg/L (4 mg/dL) | Infecções bacterianas agudas, traumas, pós-operatório imediato |
> 100 mg/L | Infecções bacterianas graves, septicemia |
> 200 mg/L | Situações gravíssimas, como sepse |
Atenção: Valores elevados isoladamente não confirmam infecção e não indicam o local da inflamação. A PCR é um marcador inespecífico, devendo sempre ser interpretada em conjunto com o quadro clínico, leucograma e outros biomarcadores.
Quando a PCR pode estar aumentada?
Diversas condições podem elevar a PCR, entre elas:
Infecções bacterianas agudas (frequentemente > 100 mg/L)
Infecções virais (elevação geralmente mais discreta)
Doenças inflamatórias crônicas (lúpus, artrite reumatoide)
Pós-operatório imediato
Infarto agudo do miocárdio
Traumas ou queimaduras
Neoplasias avançadas
Além disso, fatores como obesidade, tabagismo e sedentarismo podem causar elevações discretas e persistentes da PCR.
Como baixar a PCR?
O tratamento da causa subjacente é fundamental para normalizar os níveis de PCR. Ao controlar a infecção, inflamação ou lesão responsável, a tendência é que a PCR retorne aos valores de referência.
Dicas práticas para profissionais de saúde
Sempre correlacione o valor da PCR com a história clínica e outros exames laboratoriais.
Use a PCR para monitorar a resposta ao tratamento e evolução clínica do paciente.
Lembre-se: PCR elevada não significa, necessariamente, infecção bacteriana. Investigue outras causas de inflamação.
A PCR é útil no diagnóstico diferencial entre infecção viral e bacteriana, mas não deve ser utilizada isoladamente para essa finalidade.
A interpretação da PCR vai muito além dos valores de referência.
O olhar clínico, aliado ao conhecimento aprofundado sobre os marcadores laboratoriais, faz toda a diferença na condução dos casos.
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Referências
Proteína C reativa: aplicações clínicas e propostas para utilização racional
REVISTA DA ASSOCIAÇÃO MÉDICA BRASILEIRA, v.59, n.1, p.85-92, 2013. Disponível em: SciELO.
[https://www.scielo.br/j/ramb/a/gKQtTBk44SPSqzYtcjtZTXt/][1]
RMMG - Aplicações clínicas atuais da proteína C reativa
REVISTA MÉDICA DE MINAS GERAIS, 2025.
Proteína C-Reativa (PCR): o que preciso saber na prática?
SanarMed, 2025.
[https://sanarmed.com/proteina-c-reativa-pcr-o-que-preciso-saber-para-pratica-clinica-posmfc/][3]
Proteína C-reativa: marcador inflamatório com valor prognóstico em insuficiência cardíaca descompensada
Arquivos Brasileiros de Cardiologia, 2007.
BIOMARCADORES INFLAMATÓRIOS NA DIFERENCIAÇÃO DE PROCESSOS INFECCIOSOS
Grupo Kovalent, 2024.
[https://grupokovalent.com.br/noticias/biomarcadores-inflamatorios-na-diferenciacao-de-processos-infecciosos/][5]
Proteína C Reativa e Aplicações clínicas laboratoriais
Erba Brasil.
[https://erbabrasil.com.br/blog/proteina-c-reativa-e-aplicacoes-clinicas-laboratoriais/][6]
Proteína C reativa de alta sensibilidade como biomarcador de risco cardiovascular
Revista Portuguesa de Cardiologia.
[https://www.revportcardiol.org/pt-proteina-c-reativa-alta-sensibilidade-articulo-S0870255112001953][7]
Proteína C reativa: aplicações clínicas e propostas para utilização racional
Observatório FMUSP, 2024.
[https://observatorio.fm.usp.br/entities/publication/b84c3d20-947b-4dea-9c28-3cd17a9e05da][8]
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